viagem

Keep calm and carry on


"Deus costuma usar a solidão

Para nos ensinar sobre a convivência
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz
Outras vezes usa o tédio, quando quer nos mostrar a importância da aventura e do abandono
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar sobre a responsabilidade do que dizemos
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde
Deus costuma usar o fogo, para nos ensinar a andar sobre a água
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar
Outras vezes usa a morte, quando quer Nos mostrar a importância da vida"
Paulo Coelho 

Resumo
Impossibilitado de viajar... A partir desse mês, inicio um ciclo de textos sobre os "pecados capitais" durante a pandemia de Covid-19. No texto de hoje, escrevo sobre a ira. 


Ira
Quem já não se irritou numa reunião de trabalho? Recebeu uma fechada no trânsito? Ficou furioso ao ver uma falha do goleiro de seu amado time de futebol num jogo decisivo? Um afobado que fura a fila do supermercado? Um vizinho que fica soltando bombinhas durante todo o dia? Chamadas de telefone intermináveis?

Pois bem, é aquele dia, você está perto do seu limite, com fome e cansado, e algo vai te tirar do sério, da sua zona de conforto. É uma escalada muito rápida. Você não se reconhece. E nós nos deixamos dominar pela fúria.

Todo mundo pode ter um dia de fúria - como o do personagem William Foster, de Michael Douglas, no filme homônimo -, com uma série de condições que levariam a esse comportamento destrutivo e caótico.

"É como se o córtex tivesse ido à falência, ficado incapaz nesse momento", diz o neurocientista John Araujo.

No século 18, a ira era vista como loucura temporária, afirma o historiador Thomas Dixon.

A Ira (do latim Ira) ou raiva (do latim rabia, em vez de rabie) é uma das emoções mais intensas e frequentes sentidas cotidianamente. Para muitos psicólogos e neurocientistas atuais, a raiva é considerada uma emoção básica que pode ser definida em termos gerais como uma pretensão de causar dano e hostilizar alguém.

De acordo com a reportagem da revista Super Interessante: "a ira parece irracional - e, de certo modo, é mesmo. No cotidiano, surge quando nossos objetivos são bloqueados ou testemunhamos uma injustiça, diz o psicólogo social Simon Laham, autor de The Science of Sin: The Psychology of the Seven Deadlies - And Why They Are So Good for You (A Ciência do Pecado: A Psicologia dos Sete Pecados Capitais - e Por Que Eles São Tão Bons para Você, sem edição em português). Quanto mais queremos algo, mais raivosos ficamos se impedidos. São as amídalas entrando em ação. Os sentimentos raivosos nascem nessas estruturas que se localizam em uma

primitiva parte do cérebro. Suas respostas a uma ameaça são reguladas pelo córtex, no lobo frontal, região de funções mais complexas. É ele quem escolhe se vamos argumentar, xingar ou bater - capacidade que nos diferencia dos animais, incapazes de ponderar. "Nossas áreas cerebrais ativadas são as mesmas de um urso, mas temos maior quantidade de córtex e, por isso, somos mais capazes de modular a raiva", explica o neurocientista e professor John Fontenele Araujo, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Ritmicidade, Sono, Memória e Emoção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte".

Shakespeare dizia que "a cólera é um cavalo fogoso; se lhe largamos o freio, o seu ardor excedido em breve a deixa esgotada".

Ao longo de nossas vidas, todos nós já podemos ter cometido atos irracionais, incoerentes, impacientes e agido de forma totalmente inadequada e inesperada.

Ainda de acordo com o estudo da revista sobre a raiva: "para garantir a preservação da espécie, a raiva funciona como um mecanismo de autodefesa que o cérebro dispara ao detectar o que acredita ser um perigo. A agressão é uma das formas de expressar ira, mas não um sinônimo".

"Na maioria das vezes, a raiva não leva à violência, e é melhor que seja evitada. Mas, se você parecer ameaçador, seu oponente vai recuar", diz Michael Ewbank, pesquisador das bases neurais das emoções no Medical Research Council Cognition and Brain Sciences Unit, em Cambridge, na Inglaterra".

O historiador Thomas Dixon, diretor do Centro para a História das Emoções em Queen Mary, na Universidade de Londres, lembra que a ira, mal direcionada e expressa de forma violenta, sempre foi considerada pecaminosa.

Por vários anos, psicólogos acreditaram que extravasar era o melhor remédio para a raiva. Hoje, defende-se que isso não funciona.

Jeffrey M. Lohr, do Departamento de Psicologia da Universidade do Arkansas (EUA) e autor de estudos sobre a raiva, afirma: "Expressar raiva provoca mais raiva, em vez de reduzi-la. O melhor é aprender como ser assertivo ou como regular suas emoções para diminuir a fúria".

Ou seja, como diz o famoso ditado inglês, "Keep calm and carry on".

"A vida é curta demais
para longas brigas,
longas angústias
longas dores
longos pudores...
Curta demais para
não desculpar,
não viver, não amar...
A gente sempre
espera pelo amanhã...
Haverá???"

(Autor desconhecido)

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

VÍDEO: colunista Neto Leal, o Churrasqueiro, ensina receita de matambre

Próximo

O malte: sem ele, não tem cerveja!